Alhos e bugalhos
Outro "anúncio" do Público de hoje chamou-me a atenção:
Nunca tendo ouvido falar da Unitaid, fui ver o que era - uma associção que pretende facilitar o acesso a medicamentos por parte dos países mais pobres.
Sendo impossível não concordar com o mérito desta iniciativa, já torço o nariz ao modo como pretende financiar os seus objectivos, modo esse bem claro no referido anúncio: através de uma taxa sobre bilhetes de avião.
Segundo o site da Unitaid, a indústria do transporte aéreo é uma das que mais tem beneficiado da globalização e, como tal, é "apropriado" que essa mesma indústria ajude a distribuir esses mesmos benefícios.
Para começar, parece-me que quem vai pagar essa ajuda são os passageiros, e não a indústria.
Mais importante, não vejo bem a relação directa entre viajar de avião e pagar medicamentos para o terceiro mundo. É que o argumento é igualmente válido para introduzir taxas para muito mais coisas, para as quais não percebo porque é que quem viaja de avião tem mais obrigação de pagar do que quem não viaja.
Se alguém for à tal conferência do dia 6, agradeço que depois me explique o que é que eu não estou a perceber...
2 comentários:
Li algures que é só um euro por bilhete...
Estarei enganada?
É 1 euro para vôos europeus em classe económica, pode chegar aos 40 euros para outro tipo de vôos.
De qualquer modo o meu "torcer de nariz" tem a ver com o princípio, não com a quantia.
Porque não mais 1 euro para comprar comida para os pobres; outro para incrementar o estudo de doenças que afectem maioritariamente os países sub-desenvolvidos; mais um para combater a seca em África; etc, etc, etc?
São tudo causas meritórias, mas que não têm rigorosamente nada a ver com o acto de viajar de avião.
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