Vampirismo
Admito algum egoísmo por tentar passar ao lado da desgraça da pequena Madeleine e evitar as "reportagens" com que nos bombardeiam dia após dia.
Com filhos de idade semelhante à miúda desaparecida, nem tento imaginar o sofrimento dos pais dela, pois a imaginação por si só já é penosa o suficiente.
No meio de tanto aparato verifico, mais uma vez, como certo "jornalismo" espreme a história para além dos limites razoáveis, sem olhar a consequências.
O último acto é a autêntica crucificação que os media fizeram a Robert Murat, cuja relação com toda esta história ainda não consegui descortinar.
Tal como em tantos outros casos no passado recente, de Ferro Rodrigues a Carlos Cruz, a guerra das audiências permite tudo, mesmo que pelo caminho se deixem uns tantos "danos colaterais".
Percebo que, no exercício das suas funções, os jornalistas tenham, muitas vezes, de tomar decisões difíceis quanto ao que devem ou não publicar. E também admito que, na maior parte dos casos, o direito e dever de informar deve prevalecer.
Mas pergunto-me o que sentirão quando, no final, verificam que destruíram a vida (social, profissional ou familiar) a alguém que não fez nada daquilo que lhe foi imputado. Ou será que nem sequer se dão ao trabalho de olhar para trás e avaliar os estragos?
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