segunda-feira, maio 21, 2007

Família, p'ra que te quero

A propósito do Dia Internacional da Família, que se comemorou (?) no passado dia 15, o Instituto Nacional de Estatística publicou alguns dados relativos ao tema.

O que surpreende nestes dados não é o facto de as famílias serem cada vez mais pequenas, mas sim o ritmo a que decresce o tamanho dos agregados familiares. Entre 1999 e 2006, o número de famílias com apenas 1 ou 2 pessoas aumentou 10%, com a correspondente redução das famílias com 4 ou mais pessoas.



As famílias com 3 ou mais filhos passaram de 6,6% do total de famílias para 4,9%, ou seja, uma redução superior a 25%!


Assim, em 2006, apenas metade das famílias correspondia a casais com filhos, sendo que a maioria destas famílias só tinha 1 filho.

Portugal não assegura a renovação de gerações desde 1983 (!) e, como tal, tem uma população cada vez mais envelhecida.
Tudo isto não passaria de estatística se não fossem as graves consequências daí derivadas, as quais obrigaram já às conhecidas (e polémicas) alterações ao regime de segurança social impostas pelo actual Governo.

Não deixa de ser estranho é que este mesmo Governo dê tão poucos sinais de querer incentivar as famílias a ter filhos. O recente anúncio do aumento do número de creches públicas é uma gota de água que, por si só, pouco mudará.
Os problemas passam também pelo reduzido horário em que funcionam as escolas públicas, obrigando os pais a recorrer às escolas privadas, com preços não raras vezes superiores a 400 euros mensais por criança (pelo menos na zona de Lisboa); pela impossibilidade de descontar no IRS as despesas com amas, algo que devia ser equiparado a despesas de educação; pelo reduzido período de licença maternal e, especialmente, paternal, e as regras kafkianas que limitam o respectivo uso; pela penalização no preço de alguns serviços não indexados à composição do agregado familiar (chega-se ao cúmulo de, por exemplo, a maior parte das famílias com filhos pagar mais por litro de água do que um casal sem filhos); pelo IVA aplicado à taxa máxima a muitos bens indispensáveis a quem tem filhos, como sejam os biberãos, carrinhos de bebé, cadeirinhas para automóvel; etc, etc.

Enfim, as perspectivas são negras, e não há grandes motivos para optimismo. Esperemos que a solução não venha tarde demais.

1 comentários:

Em 23 maio, 2007 17:40, Blogger SC disse...

Um comentário um pouco à parte:
Faz-me alguma confusão "agregado de um elemento"... Agregou-se a quê, a ele próprio?!

 

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