Boa vizinhança
Celebra-se amanhã, 30 de Maio, o Dia Europeu dos Vizinhos (ou da Boa Vizinhança, como também já vi escrito).
Óptimo pretexto para pensar como é possível que pessoas que vivem tão próximas possam estar tão distantes umas das outras.
Da aldeia onde todos se conheciam, e onde as portas estavam sempre abertas, passámos para os bairros no centro das cidades, onde apesar de tudo ainda havia algumas referências familiares, os pontos de encontro comuns, as velhotas à janela a ver quem passa, os velhotes no jardim a jogar dominó. Começou-se a construir em altura, perderam-se as conversas à porta de casa, passámos a (re)conhecer os vizinhos no elevador, bom dia boa tarde boa noite como está então até um dia destes. Afastámo-nos para os subúrbios, sítios feios onde só se vai dormir, onde as pessoas se cruzam nos carros às 6 da manhã, ensonados e mal humorados, e voltam a cruzar-se às 11 da noite, cansados e mal humorados. Sítios onde as crianças não brincam na rua, onde o Zé do 2º esquerdo não faz a mínima ideia de quem seja o Xico do 3º direito, onde a Mariana brinca sozinha apesar de haver mais 20 crianças no mesmo prédio, onde o Sr. Manel conta os dias para o seu enterro, morto de tédio, morto de solidão, morto pelo peso dos 10 andares onde não conhece ninguém e onde ninguém o conhece a ele, onde se prefere ir comprar um pacote de sal à loja de conveniência mais próxima do que tocar à campainha da frente, boa noite vizinho está bom empresta-me um bocadinho de sal obrigado apareça amanhã para falarmos um pouco.
É isto, a vida moderna. Ganha-se numas coisas, perde-se noutras. Mas terá de ser mesmo assim? Amanhã, toquem à porta dos vossos vizinhos, convidem-nos para tomar um café. Não é tarde demais.
2 comentários:
De madrugada já eu tinha pespegado no elevador um postalinho e uma saudação calorosa, numa folha grande para caberem muitos cumprimentos.
Duas vizinhas já acrescentaram a folhinha. Veremos como estará ao fim do dia...
Tivesses tu uns vizinhos como os meus e só querias distância. ;-)
J.
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