sexta-feira, outubro 20, 2006

Ecovia com fim à vista?

A imprensa de hoje anuncia como provável o fim do sistema Ecovia, criado em Coimbra já lá vão quase 10 anos. Pelos vistos, a adesão nunca chegou aos níveis mínimos exigíveis (por quem?), tendo o serviço vindo a acumular prejuízos ano após ano.

Quando surgiu, a Ecovia foi elogiada no País e no estrangeiro. Parecia ser o caminho para uma diminuição drástica do número de carros que entravam na cidade, sendo um sistema simultaneamente confortável e (razoavelmente) barato.
Não sei de quem é a culpa do insucesso da Ecovia. Se da Câmara Municipal e dos SMTUC, que nunca conseguiram cativar as pessoas; se dos potenciais utilizadores, que preferem usar o carro particular independentemente de qualquer alternativa que lhes seja apresentada.
Mas dos argumentos que tenho lido e ouvido, tudo aponta para a segunda hipótese.

Vejamos:
- A Ecovia funciona das 7h00 às 20h00, podendo os utilizadores andar nos autocarros "regulares" dos SMTUC depois das 20h. Exceptuando para aqueles que trabalham até altas horas da noite, não vejo que este horário seja uma limitação.
- Um automobilista paga 1,90€ de estacionamento durante todo o dia, tendo ainda direito a 2 percursos (ida e volta ao centro da cidade) nos mini-autocarros próprios da Ecovia. Em alternativa, há um passe mensal por 45€, com acesso ilimitado ao estacionamento e utilização de toda a rede dos SMTUC. Para os que ainda acham caro, comparem com os preços em Lisboa, e depois venham falar comigo.
- Os mini-autocarros são confortáveis, passam com bastante frequência (máximo 15 minutos) e acima de tudo evitam o grande problema que é estacionar no centro da cidade.

Claro que o sistema não é perfeito.
Falta-lhe alguma flexibilidade, pois quem precise de usar outros autocarros (para chegar a zonas onde a Ecovia não vai) tem de comprar bilhetes adicionais (a não ser que tenha o passe mensal).
Por outro lado, só há parques nas entradas Norte e Sul da cidade, após ter sido encerrado o parque da Solum (entrada Este). Nunca houve parque na margem esquerda (entrada Oeste), o que pode ser uma condicionante importante.

Mas, tudo somado, uma avaliação global só pode ser positiva. No meu entender, é mais um exemplo de que as pessoas, em geral, não estão dispostas a abdicar do seu "direito adquirido" de levar o carro para onde quer que vão.

Verdadeiramente, tudo o que tenha "eco" no nome passa pelo mesmo: é muito aplaudido, todos dizem que é uma óptima ideia, mas ninguém está disposto a pagar o respectivo preço (seja em dinheiro, em conforto, ou noutra moeda qualquer).

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