quinta-feira, abril 27, 2006

A felicidade é relativa - reflexões

O cartoon do Calvin que aqui pus há uns dias foca um tema que me passa pela cabeça de vez em quando - a ambição, e como satisfazê-la.

A ambição é necessária. Para evoluirmos, para melhorarmos, para inovarmos. Isto aplica-se ao indivíduo, à sociedade, e ao Mundo.
Mas a ambição também pode ser um mal. Quando é desmedida. Quando nos impede de gozar o que temos hoje. Quando nos leva a não olhar a meios para atingir os fins.

Quantos infelizes há hoje por não terem o que querem, apesar de terem tudo o que precisam?
Quanto mal já foi praticado por quantos queriam o que não podiam ter?
Quantas relações já foram destruídas porque alguém pôs a ambição acima do amor e da amizade?

A ambição é necessária, mas não nos pode dominar. Sob o risco de passarmos o tempo à procura de algo mais. Quando damos conta, a vida passou, e nunca chegámos a ser felizes.

2 comentários:

Em 27 abril, 2006 13:33, Blogger Flour disse...

Há quem defenda que o Ser Humano é por natureza, um ser insatisfeito, aspirando sempre a uma milésima mais do que aquilo que possuí no presente. E como o presente já passou, isto gera a um estado constante de descontentamento e, consequentemente, a uma baixa auto-estima e a uma ilusória sensação de infelicidade.
É verdade que a insatisfação e a ambição permitiu a indescutível evolução da espécie e das tecnologias que a servem. Mas julgo também, que as pessoas que vivem desta forma colocam nas suas ambições algo mais do que o objecto do seu desejo, colocam-lhes o fardo da resolução de todos os seus problemas. Muitas vezes nos esquecemos que o problema não de resolva de fora para dentro, mas sim de dentro para fora. Estar bem connosco próprios permite-nos atingir um limiar de serenidade que possibilita a apreciação de cada um dos nossos momentos de vitória e felicidade, um após o outro.

 
Em 30 abril, 2006 20:49, Anonymous Anónimo disse...

Sou uma pessoa muito ambiciosa,pelos vistos, uma das mais ambiciosas que eu conheço. Isso tanto pode ser uma virtude como um grande defeito. Facilmente confundido com "pretensioso" enquando vejo isso mais como pessoa com grandes perspectivas e que tudo faz para as alcançar.

Gostei do blog!

Beijos

 

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Chernobil e a energia nuclear

20 anos passados sobre o acidente de Chernobil, volta à discussão a utilização da energia nuclear em Portugal.
Não sou técnico habilitado para discutir a tecnologia mas, pelo que tenho lido e ouvido, mantêm-se bastantes dúvidas em relação ao risco de ocorrência de acidentes e ao destino dos resíduos.
Quanto a estes últimos, já vi muitas propostas, mas nenhuma "infalível". Enquanto não se souber o que fazer a resíduos radioactivos e/ou tóxicos, qualquer solução baseada no nuclear terá sempre origens meramente economicistas. O aumento do preço do petróleo não justifica hipotecarmos o futuro do nosso planeta a longo prazo.
Em vez disso, devia-se apostar nas energias "limpas". Há já várias décadas que inúmeras organizações e cientistas alertam para a necessidade de investir fortemente na pesquisa de fontes de energia alternativas, mas o que tem sido feito é pouco. Muito pouco.
E enquanto a situação se mantiver, seremos cada vez mais escravos do carvão e do petróleo, e o nuclear aparecerá cada vez mais como sendo a única solução...

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quarta-feira, abril 26, 2006

25 de Abril sempre! Até quando?...

Ao comemorar 32 anos sobre o 25 de Abril de 1974, haverá algo de novo a dizer? Nas manifestações, com as mesmas caras de sempre, mas cada vez mais velhas? Nos discursos, sempre iguais, mas ditos por pessoas diferentes? Nas comemorações, cada vez mais discretas e menos participadas?

Se se perguntasse às pessoas qual é a primeira coisa que lhes vem à cabeça quando pensam no 25 de Abril, não duvido que a resposta mais comum fosse: "É feriado!".
Tal como quase todos os outros feriados, este é apenas mais um dia de folga. Para ir à praia, se estiver Sol. Para ir ao centro comercial, se chover. Para dormir até mais tarde. Para ficar em casa a ver televisão.
Tal como quase todos os outros feriados, este é cada vez menos provido de significado. Salazar até nem era um tipo mau, qualquer dia volta a ter uma ponte com o nome dele. Marcelo Caetano deve ter sido treinador de um clube qualquer, não me lembro bem. A Pide é uma família que vive lá para os lados do Chiado, e que está com alguns problemas para renovar a casa.

É preciso inovar! Não basta dizer que a liberdade é uma coisa boa. Os mais novos não entendem isso, pois não sabem o que é viver sem ela. Logo, não lhe conseguem dar o devido valor. Façam-nos sentir como era a vida no tempo da ditadura. Os professores não precisam de muita imaginação para aproveitar um dia de escola para "simular" alguns acontecimentos e cenas do dia a dia pré 74.
A prisão de quem diz mal do regime. O assassinato de quem ousa candidatar-se à margem do governo. A censura. As cargas policiais. A pobreza. A ignorância. Fado. Fátima. Futebol.

O 25 de Abril não se pode tornar apenas mais um feriado. Porque o passado é essencial para construir o futuro.


Nota 1: não gostei de ver Cavaco Silva sem cravo na lapela. Não sei se pretende abolir a expressão "Revolução dos cravos", mas renegar assim um símbolo do 25 de Abril é feio.

Nota 2: também não gosto das manifestações usadas como arma de arremesso ao governo. Só serve para afastar as pessoas que não se identificam com o PCP, a CGTP, o BE, etc. O 25 de Abril deve ser de todos, e não ser apresentado como um exclusivo da esquerda!

2 comentários:

Em 27 abril, 2006 23:42, Anonymous Anónimo disse...

O Cavaco foi coerente e prudente. É preciso ver do lado dele, do seu percurso, do lugar que ocupa e quem representa. Se tivesse aparecido com um cravo vermelho, seria alvo de muitos mais comentários e alguns tentariam ridicularizá-lo.
Por mim, aprovo que tenha optado pela gravata vermelha que a sua Maria lhe escolheu...

 
Em 28 abril, 2006 11:22, Blogger naïf disse...

É exactamente devido ao lugar que ocupa e quem representa que eu acho que devia manter a tradição do cravo.
O discurso "social" também não cola com o seu passado, mas isso não parece incomodar ninguém.
(A este propósito, ver o artigo de Vasco Pulido Valente no "Público" de hoje.)

 

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terça-feira, abril 25, 2006

Cúmulo da falta de civismo (3)

Levar o cão a passear, e deixá-lo espalhar "presentes" por tudo quanto é canto.
Depois, acusar a Câmara Municipal e o Governo pela sujidade das ruas.

2 comentários:

Em 26 abril, 2006 14:04, Blogger Flour disse...

Bonito de se ver é o dono do cãozinho aproximar-se do dejecto com um lenço de papel, fingindo que o vai apanhar e assim que as pessoas passam por ele, vê-lo deitar fora o lenço, abadonando o dito dejecto, intocável e intacto, à supresa de um peão mais distraído!
Para o que estamos guardados!

Abraço :-)

 
Em 27 abril, 2006 08:14, Blogger naïf disse...

Essa do fumo em locais impróprios ainda vai dar muito que falar, assim que a nova lei seja publicada. A ver vamos.
Mas o exemplo que dás mostra como as pessoas se estão nas tintas para as leis, desde que se sintam "protegidas" de olhares alheios...

 

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Cúmulo da falta de civismo (2)

Largar um monte de caixotes e garrafas junto a um lixeiro, havendo um Ponto Verde do outro lado da rua.

Variação 1:
Largar um monte de caixotes e garrafas junto a Ponto Verde, só para não ter o trabalho de desfazer os caixotes e pôr as garrafas no buraco.
[Trabalho? Esta gente saberá o gozo que dá desfazer caixotes saltando-lhes para cima?]

Variação 2:
Largar um monte de caixotes e garrafas no Ponto Verde depois da meia-noite, acordando o bairro inteiro com a barulheira.

2 comentários:

Em 26 abril, 2006 14:08, Blogger Flour disse...

É triste mas é o pão meu de cada dias. Ainda por cima tenho que levar com ameaças de "olhe que está a refiar mas para a próxima deixo o vidro todo na via pública", como se tal não constituísse contraordenação pelo Reg. Municipal dos RSU! Ora caramba, ainda parece que estão a fazer um especial favor às autoridades ao gerirem os resíduos que produzem!!!!

Mas que pequeninos que nós somos, hein?

 
Em 26 abril, 2006 22:52, Blogger Tiago Franco disse...

Essa das garrafas de noite é boa. Nunca tinha ouvido falar de tal coisa.

Existe a variação 3:
Deixar os sacos do lixo debaixo de um caixote para pequenos volumes. Daqueles verdes que se encontram presos aos postes.

Abraços.

 

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sábado, abril 22, 2006

Dias de ócio

Tal como referi no post anterior, tirei esta semana umas curtas férias. Um pouco diferentes do habitual, diga-se, pois só tive tempo livre de 2ª a 6ª, das 9 às 5.

O que interessa é que aproveitei para gozar aqueles pequenos prazeres da vida para os quais tantas vezes falta tempo. Almoçar à beira mar. Sentar na praia a ler. Ver museus, espectáculos, sítios e paisagens.

Quero destacar dois sítios, espaços de cultura, onde nunca tinha ido e de que gostei.
Um é o Museu da Cidade, em Lisboa. Instalado no Palácio Pimenta, no Campo Grande, permite percorrer a história da cidade, desde os tempos mais remotos até aos nossos dias. Só quem me conhece sabe o prazer que tenho ao observar mapas e maquetas antigos, e tentar reconhecer locais e edifícios. O vale de Alcântara quando ainda tinha água, a Assembleia da República quando era um mosteiro beneditino, a Lisboa anterior ao terramoto.
A exposição é um pouco antiquada em termos de apresentação, mas vale a pena.


Num pavilhão anexo, reservado a exposições temporárias, encontra-se até 28 de Maio uma exposição de fotografia com obras de alguns dos melhores fotógrafos portugueses do pós-guerra. Tem fotos fabulosas de Augusto Cabrita, Eduardo Gageiro, Francisco Keil do Amaral, Gérard Castello-Lopes, entre outros.
A não perder!



O outro espaço a que me referia é a Casa da Cerca, em Almada. É um Centro de Arte Contemporânea onde, para além da arte exposta, se destaca o edifício, os jardins, e, acima de tudo, a fabulosa vista sobre Lisboa.

1 comentários:

Em 23 abril, 2006 19:52, Blogger GBorges disse...

Uma outra visita a não perder: A Quinta da Regaleira em Sintra. Um lugar que nos transporta para um universo que pensamos só ser possível existir no nosso imaginário. Um lugar místico onde os rituais iniciáticos desempenham um papel fundamental. Apesar de toda a fantasia envolvida, é impossível sair sem um sorriso na face.

p.s. A visita só vale mesmo a pena se acompanhada por um guia.

 

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A felicidade é relativa











Nem mais...

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quinta-feira, abril 20, 2006

Interregno

Umas curtas férias têm-me mantido afastado do computador.
O blog segue dentro de momentos.

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sexta-feira, abril 14, 2006

Melhorias

Tal como tenho esperança de que o Mundo melhore, também espero ir melhorando este blog.
Para já, fiz uma alteração ao modo como se visualizam os comentários. Assim, a partir de agora basta seleccionarem o link "n comentários" no final de cada post, para que os comentários a esse post apareçam por baixo. Para os esconder, basta seleccionar de novo o mesmo link.
Espero tornar assim mais agradável a navegação pelo blog, e também facilitar a discussão dos temas mais "quentes.

3 comentários:

Em 14 abril, 2006 19:01, Anonymous Anónimo disse...

Para quem, como eu,inicia esta forma de "contactar com o desconhecido" torna-se muito fácil!
Mentes abertas ajudam a evoluir os que estão mais recessos!

 
Em 19 abril, 2006 18:18, Blogger Flour disse...

Não resisti a vir aqui espreitar o teu bloco de notas. Os temas são acesos, a linguagem clara, coerente e bastante cuidada. Já tinhamos percebido (eu e o NH) que tínhamos escritor. Está aqui a prova!
Beijos e abraços

AF

 
Em 22 abril, 2006 17:22, Blogger naïf disse...

Minha querida Flor,
Vindos de quem escreve como tu, os teus elogios equivalem ao Pulitzer.

 

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quinta-feira, abril 13, 2006

Responsabilidades no caso dos maus tratos a deficientes

Esta semana gerou-se uma enorme polémica à volta de um caso relativo a alegados maus tratos sobre crianças deficientes.
É um caso complexo, e deixo uma análise mais detalhada para quem tem conhecimentos e formação suficientes para tal.

Mas há alguns factos que vale a pena analisar.
A senhora era responsável por um lar onde habitavam 15 crianças portadoras de deficiência mental. A senhora só tinha a 4ª classe, não tendo formação nem experiência para lidar com crianças deste tipo. Trabalhava das 7h às 23h, com uma única folga semanal. Dormia no mesmo lar, tendo muitas vezes de trabalhar à noite, quando a auxiliar que fazia o horário nocturno não conseguia lidar com as crianças.
Ponham-se no lugar da senhora, e tentem viver 10 anos nesta situação. Alguém tem dúvidas que, ocasionalmente, perderia o auto-controlo? Que, psicologicamente, iriam fraquejar em momentos mais difíceis?

Não pretendo acusar nem ilibar a senhora. O que eu não percebo é como, no meio de tanta polémica, nunca tenha sido focado o papel da instituição responsável pelo lar - a Associação de Pais e amigos do Cidadão Deficiente Mental, de Setúbal.
Um organismo que lida com crianças deficientes; que nomeia como responsável de um lar uma pessoa sem habilitações para tal; que põe essa pessoa a trabalhar em condições desumanas. E, no fim, não é tida nem achada neste caso?
É impressão minha, ou há algo de terrivelmente errado em tudo isto?


Nota: Para quem não se quer limitar ao que dizem os jornais, podem ler o acordão do Supremo aqui.

6 comentários:

Em 13 abril, 2006 10:18, Blogger GBorges disse...

Podemos olhar com detalhe para a situação da senhora e encontrar argumentos que tentem justificar tal tipo de comportamentos. Tal como referiste, e estou de acordo contigo, encontramos atenuantes, mas que não invalidam a incorrecção das acções. E sem dúvida que a instituição, como responsável ultimo, deve ter uma grande quota-parte de culpa, desde a contratação de alguém inadequado ao serviço como pelas condições e horários de trabalho precários.

O preocupante, a meu ver, é mesmo a decisão do supremo tribunal, que abriu um precedente muito perigoso. A partir do momento em que a violência pedagógica é dada como necessária na educação do nossos filhos, qual é agora a fronteira legal entre correctivo educativo e violência doméstica? Será que o correctivo deve ser adequado de acordo com o grau de incomportamento? Se um nosso filho se portar mesmo, mesmo mal, teremos legitimidade para o por a pão e água? Como se definem estes limites? Entramos num caminho muito tortuoso...

Como principio basilar, a violência (física e psicológica) deve ser repreendida (o que não foi o caso) e evitada (sempre que possível) de forma a impedir excessos. Mas como em tudo na vida, tudo depende do bom senso de cada um...

Abraço

 
Em 13 abril, 2006 10:40, Blogger naïf disse...

O aspecto que tu focas é aquele que tem gerado toda a polémica. Obviamente que também tenho opinião sobre a matéria, mas o que eu pretendi focar é um aspecto que tem estado arredado de toda a discussão, e que é a responsabilidade da instituição.
Julga-se (e bem) a "arraia miúda", mas iliba-se as pessoas que são, efectivamente, responsáveis pela situação.

 
Em 14 abril, 2006 03:47, Anonymous Anónimo disse...

Alguns considerandos...
1.É uma associação de Pais
2.Imagino que se trate de uam associação sem fins lucrativos. A contratação de alguém mais qualificado poderia estar para além das suas capacidades financeiras e não uma questão de lucro...
3. Não foi a associação, ou algum dos seus dirigentes, que infligiu ou instigou os maus tratos às crianças
4.A associação terá sido negligente, eventualmente complacente, mas nem por isso deixa de ser a instituição responsável por dar um tecto, refeições, acompanhamento médico, e provavelmente outros cuidados a essas 15 crianças.

 
Em 14 abril, 2006 11:44, Blogger naïf disse...

pedro,
A Associação assumiu voluntariamente a responsabilidade de cuidar de crianças deficientes. Compete-lhe garantir o bem estar das crianças, e responder perante os pais desses crianças, e perante a sociedade, caso esse bem estar seja posto em causa.
O que eu vejo neste caso é a desresponsabilização total da associação, e é isso que não entendo.

 
Em 14 abril, 2006 18:55, Anonymous Anónimo disse...

A questão põe-se perante o ter mão-de-obra barata ou de qualidade.
Mostramos assim o nosso baixíssimo nível cultural!
Pessoas que se dispõem a discutir este assunto podem sensibilizar os que poderão alterar o futuro de quem não foi feliz na hora de vir ao mundo dos vivos!

 
Em 14 abril, 2006 23:17, Anonymous Anónimo disse...

Estas associações são criadas porque o Estado não resolve problemas gravíssimos que as famílias dos pobres seres doentes sofrem em cada momento.
Imaginam quantas mães tiveram de deixar de trabalhar por não ter onde deixar o filho totalmente dependente?
Essas associações são criadas pelos próprios pais dessas pessoas e por amigos que conhecem os graves problemas a que estão sujeitos.
Depois têm enormes dificuldades em as ter de pé. Eu conheço de perto o que se passa em Coimbra e sei que foram necessários muitos anos para se construir um espaço e para pagar a profissionais preparados e adquirir os bens de cada dia. A comparticipação do Estado é tão mínima que os pais desses seres vivem em permanente abalo.
Em Coimbra, neste momento, há um conjunto de doentes mentais com pais que ultrapassaram os 60 anos, que não dormem uma noite seguida desdes que esses filhos nasceram e ainda não conseguiram apoio para criar uma casa em que os filhos fiquem quando os pais morrerem. E se ouvissem relatos de pais sem escolaridade cuja vida foi destruída por terem de, sozinhos, "resolver" um quotidiano feito de verdadeiro horror, compreenderiam que tudo é muito difícil de analisar e muito mais de julgar.
Só a comunicação social é lesta nas análises e nas condenações. Tenhamos o cuidado de não nos deixarmos conduzir por estes fazedores de opinião tão medíocres e tão mal formados e peguemos nestas matérias com pinças, ponderação e delicadeza.

 

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quarta-feira, abril 12, 2006

Evidente? Para quem?

A propósito das eleições italianas, Eduardo Prado Coelho (EPC) escreve hoje, no jornal Público, o seguinte:

"Os resultados das eleições italianas são, a diversos títulos, surpreendentes. De certo modo, para toda uma série de pessoas, de que faço parte, votar em Berlusconi não era hipótese que se pudesse pôr. Era tão evidente que era preciso votar Prodi, não por ele, mas contra Berlusconi, que nunca me passou pela cabeça que se pudesse chegar a um resultado tão equilibrado. É extremamente interessante analisar estas coisas que a uns parecem óbvias e que a outros não são."

Faço parte do grupo de pessoas de que EPC fala - nunca me passaria pela cabeça votar num ser como Berlusconi. Mas o que me leva a escrever este texto é a última frase de EPC - o que é óbvio para nós não o é para outros. E é realmente interessante pensar um pouco nisto.
O que é o "óbvio"?

óbvio (adj.)
1. que ocorre;
2. fácil de compreender; claro; intuitivo;
3. evidente; manifesto; patente; que salta à vista;
(in Dicionário Porto Editora)

Com tal definição, como é possível que duas pessoas considerem "óbvias" coisas opostas? Só há uma realidade, ou há várias? É um assunto metafísico, mas permitam-me (pois claro que permitem, o blog é meu!) tecer alguns comentários.
A realidade (o que quer que isso seja) está sempre sujeita à interpretação de cada um, e essa interpretação depende de muitos factores.
A meu ver depende, sobretudo, da nossa formação, no sentido mais lato da palavra. Não só do conhecimento que temos do assunto em análise, mas também dos (nossos) valores morais e éticos que lhe possam estar associados.
Mas se é possível fazer uma pessoa mudar a sua noção do que é óbvio dando-lhe informação adicional, já o mesmo se torna quase impossível quando os valores morais estão no cerne da questão.
Por isso (e por outras razões menos transcendentais) é tão difícil (impossível?) o diálogo Norte/Sul, Ocidente/Oriente, Europa/EUA, etc, etc.

Uma coisa é certa: para mim, é óbvio que Berlusconi é o tipo de pessoa que não devia governar nem sequer um galinheiro, quanto mais um país. Para muitos italianos (
quase metade), é óbvio que pode.

2 comentários:

Em 14 abril, 2006 19:08, Anonymous Anónimo disse...

É com muita veemência que corroboro que o "óbvio" não é o mesmo para todos!
É assim que mostramos a diferença entre nós!

 
Em 17 abril, 2006 23:03, Anonymous Anónimo disse...

"O óbvio" depende, naturalmente,da formação ( em sentido lato) de cada um.O que para um é claro como água porque a sua maneira de ver o mundo assim o determina,sem qualquer hesitação,para outro que tem uma visáo diametralmente oposta é claro exactamente o contrário disso. Se assim não fosse,como poderíamos entender que o Hitler continue a ter defensores?

 

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terça-feira, abril 11, 2006

Cúmulo da falta de civismo (1)

Abrir mais uma caixa ao nosso lado, no hipermercado, e os últimos da fila correrem para ser atendidos primeiro.

1 comentários:

Em 13 abril, 2006 12:13, Blogger Xana disse...

Isso diz tanto, mas tanto, da formação das pessoas...

(As "pequenas coisas")

 

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Dar ou não dar, eis a questão

Para quem vive em Lisboa ou noutros centros urbanos, depara-se frequentemente com gente a pedir. Pedem dinheiro para uma sandes, para o café, para o leite dos filhos. Pedem uma moedinha, uma ajudinha, qualquer coisinha.
É o cego que toca concertina, é o velho sem pernas com ar de quem morreu faz anos, é o jovem manco que arrasta a perna junto ao semáforo, é a cigana com 3 putos sujos e ranhosos agarrados à saia, é o romeno com o bebé nos braços, é a velha louca que só diz asneiras.

Confesso que me sinto sempre no terrível dilema de dar ou não dar.
Devo dar porque eles precisam? Porque eu tenho e eles não? Porque aquela criança tem ar de não beber leite há 3 dias? Porque não quero sentir que não ajudei quem precisava?
Ou não devo dar para não os incentivar? Porque esse papel cabe ao Estado? Porque prefiro fingir que eles não existem?

Umas vezes dou, outras não. Mas nunca fico contente com a minha decisão...

2 comentários:

Em 11 abril, 2006 10:26, Blogger GBorges disse...

A mendicidade é um fenómeno que só tende a aumentar... Por muito que tentemos ajudar com uma série de euros, nunca resolvemos a situação de base, apenas remediamos. E não podemos deixar as pessoas pensarem que podem (sobre)viver à custa da generosidade dos outros. Por isso, e por muito que às vezes me custe, não dou dinheiro. No entanto, há que combater este sentimento de mau estar com uma participação mais interventiva na sociedade: visitando quem está hospitalizado e não tem visitas, conversando com o idoso do nosso bairro que vive sozinho, ajudando a adquirir cadeiras de rodas a quem precisa e não as tem ... Afinal não são só os que pedem que precisam de ajuda e o acto de darmos um ou dois euros a alguém não nos pode desresponsabilizar desta nossa obrigação social. E obviamente, dado ser eu a argumentar, estas acções devem ser ainda mais obrigatórias para mim (o que nem sempre é verdade) ...
Um abraço

 
Em 11 abril, 2006 11:05, Blogger naïf disse...

"não podemos deixar as pessoas pensarem que podem (sobre)viver à custa da generosidade dos outros"

O problema é quando essas pessoas só conseguem viver assim. Há muitos desgraçados que vivem à margem do sistema, muito devido a problemas psicológicos. Sem a nossa ajuda nem sequer conseguem comer. E é esse o meu dilema.

Concordo que a nossa participação, nomeadamente com organismos que ajudam essas pessoas, será o melhor modo de ajudá-las. Mas isso não impede algum desconforto quando temos de dizer, cara na cara, "Não dou".
Eu sei que muitas destas pessoas se aproveitam desse sentimento de culpa, mas há sentimentos que não se conseguem evitar.

 

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sábado, abril 08, 2006

Tabaco - direitos e deveres

O governo propôs esta semana a proibição de fumar em recintos fechados e o aumento da idade mínima para a aquisição de produtos de tabaco para os 18 anos.
O anteprojecto de diploma, apresentado pelo Ministro da Saúde, prevê a proibição de fumar nas áreas fechadas dos locais de trabalho, dos estabelecimentos de restauração e bebidas, das unidades hoteleiras e dos centros, galerias e grandes superfícies comerciais, nos serviços e organismos da administração pública, nos locais destinados à prestação de cuidados de saúde, estabelecimentos de ensino, recintos desportivos e meios de transporte.

É uma longa lista, e não me vou pronunciar sobre os detalhes. Importante é, quanto a mim, o princípio que está na base desta proposta: os fumadores não podem impor o seu fumo a quem não o deseja!
Nunca percebi os argumentos contra um princípio tão elementar, e que deriva de algo maior - o respeito pelos outros. Os fumadores alegam que têm direito a fumar, que isso só a eles diz respeito, e que quem impuser regras em sentido contrário é fundamentalista.
Eu digo desde já: se impor o respeito pelos outros é ser fundamentalista, então eu estou na primeira fila dos fundamentalistas!

Fumar pode ser um direito, mas este termina onde começam os direitos dos não fumadores. E é neste ponto da discussão que costuma surgir um argumento falacioso - o de que não se pode limitar direitos de uns através de direitos de outros, pois uns não são mais importantes do que outros. Errado! O direito à saúde é concerteza mais importante do que o direito ao prazer.
Eu não tenho de abdicar de uns pulmões livres de nicotina, só porque algumas pessoas tiram prazer de umas baforadas.

O triste de toda esta questão é concluir que, mais uma vez, o respeito não se obtenha naturalmente, mas tenha de ser imposto pela lei. E depois ainda se admiram com o lema deste blog...

3 comentários:

Em 09 abril, 2006 22:23, Anonymous Anónimo disse...

Nesse caso eu também sou fundamentalista. Sempre que me constipo tenho de fugir de recintos fechados, em que o ar é irrespirável e até de colegas, que mesmo ao meu lado «não querem» perceber como são nocivos os efeitos do tabaco...
Mas se os fumadores não respeitam os outros,porque hão-de respeitar a lei?!

 
Em 10 abril, 2006 10:36, Blogger naïf disse...

Infelizmente, em Portugal há muitas coisas que, parecendo óbvias de um ponto de vista ético e moral, só se obtêm impondo leis e sanções.
É o reflexo da falta de educação e de civismo que grassa pela nossa sociedade...

 
Em 08 abril, 2008 21:46, Anonymous Anónimo disse...

SINTO EM SÓ AGORA TER VISTO ESTA MATERIA, POIS SOU FUMAENTE E RESPEITO QUEM NAO É.
QUANDO ENTRO EM ALGUM LUGAR QUE SEJA PROIBIDO O FUMO, PEÇO LICENÇA E VOU FUMAR EM OUTRO LUGAR.
POREM AINDA HA MUITA FALTA DE RESPEITO COM OS PROPRIOS FUMANTES, POIS OCORREU COMIGO EM UM GINASIO DE ESPORTES O SEGUINTE.
TINHA UMA PLACA QUE DIZIA PROIBIDO FUMAR. ENTAO RESOVI SAIR FORA DO AMBIENTE PARA PODER FUMAR AO AR LIVRE. O GUARDA MUNICIPAL ME DISSE QUE EU NAO PODERIA SAIR POIS SE EU FOSSE TERIA QUE PAGAR UMA NOVA ENTRADA.
AGORA PERGUNTO.
EU TENHO DIREITO A FUMAR E QUANDO TENTEI RESPEITAR O DIREITO DE QUEM NAO FUMA FUI IMPEDIDO POR UMA AUTORIDADE.
ONDE COMEÇA MEU DIREITO E ONDE TERMINA O DE VOCES?

 

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sexta-feira, abril 07, 2006

Deuses na Terra (1)

Este post (ou série de posts, se me der para isso) não tem nada a ver com religião. Bom, talvez um pouco...
A verdade é que, enquanto a maioria se preocupa com os deuses celestes, há vários deuses aqui mesmo, na Terra.
Um deles chama-se Nelson Mandela.

Nelson Mandela lutou toda a sua vida contra um dos mais ignóbeis regimes que já existiu - o apartheid. Esta luta valeu-lhe 30 anos de prisão, tendo sido libertado apenas em 1990. Recebeu o Prémio Nobel da Paz em 1993 (juntamente com Frederik de Klerk), e foi eleito Presidente da África do Sul em 1994, cargo que exerceu até 1999.

Mandela sacrificou grande parte da sua vida pelos outros, e por aquilo em que acreditava. Quando o conseguiu, retirou-se de cena, deixando outros continuar a obra começada. Não pediu nada em troca. Não exigiu nada para si mesmo.

A auto-biografia de Mandela, Long Walk to Freedom ("Longo Caminho para a Liberdade"), é de leitura obrigatória. Lê-se como se de um livro de aventuras se tratasse. Mas a cada página lembramo-nos do homem por trás da escrita, e não podemos deixar de o admirar. Pelo que foi. Pelo que é. Por nos mostrar que vale a pena lutar pelos nossos ideais.

I have fought against white domination, and I have fought against black domination. I have cherished the ideal of a democratic and free society in which all persons live together in harmony and with equal opportunities. It is an ideal which I hope to live for and to achieve. But if needs be, it is an ideal for which I am prepared to die.

(Declaração inicial de Mandela no
Rivonia Trial,
um dos principais julgamentos a que foi sujeito. 1964)

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quinta-feira, abril 06, 2006

Minas

Por coincidência, inaugurei o meu blog no primeiro Dia Internacional de Sensibilização para o Perigo das Minas e a Assistência à Acção Antiminas.

Segundo o Relatório de Acompanhamento das Minas Terrestres (Landmine Monitor Report) de 2005 (que podem ver aqui), existem actualmente 84 países que sofrem o flagelo das minas terrestres e das munições por explodir. As minas terrestres e as munições abandonadas matam ou ferem 15 mil a 20 mil pessoas por ano. De acordo com a ONU, existem actualmente 110 milhões de minas em todo o mundo, e entre os países onde há mais minas estão Angola e Moçambique.

Esta menina angolana tinha 11 anos quando perdeu um olho devido à explosão de uma mina. No mesmo acidente, um primo perdeu uma perna.
(Crédito: Tim Grant)


Em 1997, surgiu o Tratado sobre a Proibição de Minas Anti-pessoal – “Convenção Sobre a Proibição da Utilização, Armazenagem, Produção e Transferência de Minas Antipessoal e Sobre a sua Destruição” - por vezes referido como a Convenção de Otava. Este tratado estabelece a proibição generalizada da utilização, armazenagem, produção e transferência de minas anti-pessoal e exige que os países participantes procedam à destruição de todas as minas anti-pessoal colocadas nas zonas minadas sob a sua jurisdição ou controlo, e destruam os seus stocks de minas. Portugal ratificou o tratado a 19 de Fevereiro de 1999, e o mesmo entrou em vigor a 1 de Agosto do mesmo ano.

O tratado resultou de negociações lideradas por um grupo de países, juntamente com as Nações Unidas, a Cruz Vermelha, e mais de 1400 organizações não governamentais, organizadas numa International Campaign to Ban Landmines (ICBL).
Em 1997, a ICBL e a sua coordenadora na altura, Jody Williams, receberam o Prémio Nobel da Paz.

Até agora, 150 países ratificaram o tratado. Há, no entanto, 40 países que ainda não o fizeram. Entre eles, alguns casos óbvios - China, Cuba, Irão, Israel, Coreia do Norte, Coreia do Sul, Líbia, Síria -, uma surpresa - Finlândia -, e, claro, os EUA.
Sobre os EUA, muito há a dizer, mas fica para mais tarde. Não quero estragar o dia...

Mais informações:

Para terminar, aqui podem encontrar uns mapas interessantíssimos, entre os quais destaco os seguintes:





Países fabricantes de minas
Países com stocks de minas
Países com vítimas de minas

3 comentários:

Em 06 abril, 2006 17:31, Anonymous Anónimo disse...

É um horror a hipocrisia de países que pregam o anti-terrorismo e continuam a fabricar armas anti-pessoas que, ano após ano, fazem tantas vítimas inocentes. E vemos como as crianças são alvos tão flagelados.
Como conseguimos conviver com este lado de barbárie do mundo?...

 
Em 06 abril, 2006 19:54, Anonymous Anónimo disse...

Olá. Sou uma amiga da sua Mãe, em Coimbra. O meu nome é Júlia São_Marcos. Queria dar-lhe os parabéns pela forma como gere em plenitude os seus tempos de família, de profissão,e agora de escritor (os bloggistas dizem que não são escritores, mas eu acho que sim). Os temas abordados revelam a seriedade com que considera a urgência da aplicação dos Direitos Humanos e a atenção aos casos dos mais indefesos e dos mais maltratados institucionalmente. Este não é o lugar certo para o fazer, mas envio uma palavra calorosa para a digníssima PROLE que já mostrou ao mundo noutro sítio. Uma vida assim em pleno só pode ser bafejada pelos deuses.

 
Em 07 abril, 2006 10:04, Blogger naïf disse...

Júlia,
Obrigado pelas suas palavras. Devo tudo aos Pais fora de série que, por sorte, de me calharam na rifa.

 

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quarta-feira, abril 05, 2006

Projecto Tampinhas

É bom saber que há pessoas que se preocupam com os outros, e dão o melhor de si para melhorar a vida de todos. E quando esses pessoas são nossas amigas ou familiares, enchemo-nos de orgulho, como se essa relação nos desse direito a algum crédito no trabalho por elas efectuado.
Eu sinto sincero orgulho por conhecer algumas pessoas acerca de quem posso dizer: "Se todos fossem assim, este Mundo seria muito melhor!".

Entres essas pessoas estão os responsáveis da Associação Tampa Amiga. Sem qualquer proveito próprio - aliás, com claros prejuízos monetários e em termos de vida pessoal-, organizaram o Projecto Tampinhas. O objectivo é recolher tampas de plástico para reciclagem, cujos proveitos são depois usados para adquirir material ortopédico, especialmente cadeiras de rodas, para pessoas sem possibilidades de o conseguir sozinhas.


Para saber mais pormenores, ou ajudá-los, consultem tampinhas.org.
E, acima de tudo, sigam-lhes o exemplo!

[Nota: Podem, por exemplo, arranjar um caixote com a imagem reproduzida acima, e colocá-la no vosso local de trabalho, ou convencer o restaurante onde vão habitualmente a fazer o mesmo.Quando estiver cheio, é só entregar num dos locais de recolha divulgados no site da associação. Ou podem voluntariar-se para fazerem vocês a recolha. Ou, simplesmente, ajudar a divulgar a ideia!]

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Esquerda e direita (um post apolítico)

O Código da Estrada diz o seguinte:

Artigo 14.º
Pluralidade de vias de trânsito

1. Sempre que, no mesmo sentido, sejam possíveis duas ou mais filas de trânsito, este deve fazer-se pela via de trânsito mais à direita, podendo, no entanto, utilizar-se outra se não houver lugar naquela e, bem assim, para ultrapassar ou mudar de direcção.

Será possível que tanta gente não saiba ler? Como é que tiraram a carta?
Será que não distinguem a esquerda da direita? Serei eu que não distingo a esquerda da direita?
Esta gente considera-se boa demais para circular na faixa "lenta"? Pensa que essa faixa é só para os outros? Ou são simpesmente adeptos fervorosos da máxima "no meio é que está a virtude"?

Confesso que tenho cada vez menos paciência para esta gente, e menos tolerância. Infelizmente, a BT não deve concordar comigo, pois nunca vi um único agente preocupado em sequer avisar um dos milhares de condutores sou-bom-demais-para-circular-na-faixa-lenta que todos os dias andam por essas estradas fora.

Não tenho quaisquer dúvidas que as filas de trânsito que se formam nas horas de ponta começam mais cedo, são mais longas, e acabam mais tarde, muito por culpa destes condutores.

Um exemplo: na imagem abaixo, obtida agora mesmo na A5, eu conto (na via esquerda, na direcção de Lisboa) 2 carros na faixa da direita, 3 na do meio, e 10 na da esquerda.


Se calhar está na hora de nos juntarmos à Commonwealth, e começarmos a conduzir pela esquerda. Quem sabe não está aqui a resposta para a sinistralidade tão nossa conhecida?

5 comentários:

Em 05 abril, 2006 23:00, Anonymous Anónimo disse...

Na direita está lá o Paulo Portas, chiça!

 
Em 06 abril, 2006 08:45, Blogger naïf disse...

Essa do Paulo Portas está bem vista. Se calhar é por isso que ninguém quer andar nessa faixa!

 
Em 06 abril, 2006 09:06, Blogger naïf disse...

Catarina, também acho que não vale a pena envolver a BT na discussão, até porque as opiniões de cada um dependem muito das experiências (especialmente as negativas, isto é, multas) que tiveram.
No entanto, coloco-te uma questão: o que será mais representativo da realidade? Uma reportagem de TV (quantas coisas são feitas apenas para show-off?), ou o facto de, durante todo o período desde que tirei a carta (já lá vão muitos anos), nunca ter visto uma acção desse género?
Conduzo diariamente mais de 50km por diversos tipos de estrada com 3 faixas, e NUNCA vi nenhum tipo de acção contra a condução à esquerda.

 
Em 07 abril, 2006 01:56, Anonymous Anónimo disse...

O tema suscita a interessante questão da transfiguração e a ainda mais interessante questão da educação...
É muito raro assistir a alguém furar uma fila num supermercado, banco, etc. No entanto, atrás de um volante, os "chicos espertos" fazem-no sem pejo nem sentimentos de culpa. Ao entrar no automóvel entra-se numa "realidade paralela" na qual não existem consequências (a realidade dos jogos de computador que nos permite matar o próximo e depois ir dormir sossegado). Afinal que mal tem ouvir umas buzinadelas dos carros de trás?

Sem tolerância para com os "chicos espertos", os condutores civilizados (tótós ?) clamam por justiça - multem-nos! Onde está a BT?
Será a repressão a única ou última forma de educar a população? Já agora, será que o motivo para respeitarmos as filas no supermercado é porque tememos a repressão?
Em 98 estava numa formação em Inglaterra. No caminho de Heathrow para Reading o taxista oscilava constantemente de velocidade (entre os 120 e 160 convertendo das milhas para km por hora) Intrigado, vim a descobrir que existiam radares de controlo de velocidade, espaçados regularmente na autoestrada. Serão os Ingleses mais civilizados que os Portugueses?

 
Em 07 abril, 2006 10:13, Blogger naïf disse...

Pedro, não quero (para já) entrar na discussão "portugueses vs resto do mundo".
Mas referes um ponto muito importante - a segurança que uma pessoa sente quando se "transforma" em condutor. Dentro do carro estou seguro, sou o maior, ninguém me pode atingir. Vou na faixa que quero e ninguém pode fazer nada contra isso.
Já no supermercado, se eu quiser furar a fila, pode sempre surgir alguém maior do que eu e dar-me um sopapo.

 

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O taxista do aeroporto

Vá-se lá saber porquê, hoje sonhei com os taxistas do aeroporto de Lisboa. Verdadeiramente, foi mais um pesadelo do que um sonho. Afinal, qualquer história que envolva um taxista do aeroporto de Lisboa (TAL) só pode acabar mal.
Devo começar por dizer que nada me move contra os taxistas em geral. Para aqueles que eventualmente possam ler isto, só enfiam a carapuça se quiserem.

Posto isto, devo dizer que o TAL concentra em si uma tal quantidade de características negativas, que é estranho como ainda ninguém se preocupou em perceber o que é que correu mal na evolução genética desta espécie.
O TAL é mentiroso, é aldrabão, é porco e ladrão. O TAL é mau, é antipático, é mesquinho e sorumbático.
O TAL inventa taxas que não existem. Vai por "atalhos" que custam o dobro. Cobra numa Terça-feira de manhã como se fosse um Domingo à noite. Recusa qualquer destino a menos de 10km. Circula a 140km/hora dentro da cidade, com janela aberta e o rádio a transmitir em altos berros um qualquer Gil Vicente-Paços de Ferreira.

Não vale a pena perder-me a contar histórias passadas com o TAL. Entre vividas e contadas, davam para um livro. Mas nunca me esquecerei dum cliente estrangeiro que, chegando atrasado a uma reunião, pede desculpa e diz: "Nunca pensei que para vir para Cascais fosse preciso atravessar 2 pontes!".

2 comentários:

Em 05 abril, 2006 23:03, Anonymous Anónimo disse...

Pois é! Eu sou provinciana e eles levam-me quase sempre.Será que não acontece só aos da província?

 
Em 06 abril, 2006 08:19, Blogger naïf disse...

Eles devem ter uma escala do género:
- estrangeiro - 10x o preço real
- provinciano - 5x
- lisboeta - 2x

O truque é sempre mostrar ares de alfacinha. :-)

 

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Naïfismos?

Eu tenho a ideia, assumidamente naïf, de que é possível fazer deste um Mundo melhor, e os meus posts devem ser vistos à luz deste ideal. Sendo "naïf" um adjectivo, e não havendo um substantivo correspondente, surgiu-me a palavra "naïfismo". Com tantos -ismos por aí, porque não ter um só para mim?

2 comentários:

Em 06 abril, 2006 17:37, Anonymous Anónimo disse...

O nome correspondente é "naiveté", ingenuidade, construído a partir do feminino de "naif", "naive".
Entenda-se que em cima do primeiro i deveria estar sempre um trema.

 
Em 07 abril, 2006 10:31, Blogger naïf disse...

Obrigado pela clarificação. Eu referia-me a palavras portuguesas ou, pelo menos, adoptadas para a nossa linguagem. O dicionário da Porto Editora disponível online inclui apenas a palavra "naïf".

 

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terça-feira, abril 04, 2006

Razão de ser

Há muitas razões para ter um blog. Tantas quantas os blogs existentes. A minha razão: dizer (escrever) o que penso. Quando a conversa com família, amigos e colegas não é suficiente. Quando o meu narcisismo me convence que o que tenho a dizer merece ser dito. Quando a alegria, a tristeza, a revolta, a surpresa, a indignação, são grandes demais para não as partilhar. Mas conversar com quem? Dizer a quem? Partilhar com quem? E é aqui que um blog se mostra realmente útil. O ouvinte/leitor pode ser ninguém, pode ser alguém, podem ser todos. O que realmente interessa é a sensação de missão cumprida, de conseguirmos falar ao Mundo, de que alguém nos ouve. A sensação de que o que dizemos/escrevemos tem um destinatário que nos compreende, que responde, que faz, que resolve. Uns falam com Deus. Eu falo com o meu blog. Afinal, que diferença faz se há ou não alguém do outro lado da linha?

6 comentários:

Em 05 abril, 2006 23:06, Anonymous Anónimo disse...

Eu também!!!

 
Em 05 abril, 2006 23:56, Anonymous Anónimo disse...

Sejam desabafos narcisisticos, exercícios de introspecção ( extroversão? ) ou simples insónias, a internet fica mais rica com o teu blog! Mas comparar a internet com Deus? Não existe qualquer evidência de que Deus alguma vez tenha respondido a quem fala com ele - nem sequer um simples comment

Um abraço (do outro lado da teia)

 
Em 06 abril, 2006 08:03, Blogger naïf disse...

Obrigado pelas vossas palavras de apoio.
É claro que, cá no fundo, é bom saber que há realmente alguém à escuta.
Mas, tal como eu disse, o mais importante é mesmo a "libertação" da necessidade de escrever e de partilhar ideias.

 
Em 07 abril, 2006 16:16, Anonymous Anónimo disse...

Que bom saber que existe, pelo menos,uma pessoa que sabe ouvir os outros!
Não deixarei este espaço em branco, sempre que aqui vier!
Associo-me aos que gostam muito de dar a conhecer o que de bom temos para mudarmos em alguma coisa o que nos rodeia!
Sou uma das pessoas que teve a SORTE de se CRUZAR com a da TUA MÃE!
Penso que estou incluída na lista das amigas a quem ela dedica algumas palavras!
Sinto um grande conforto com esta "prenda" que me deixou para abrir e dar um pouquinho de doçura para a PÁSCOA que se avizinha!
Um grande abraço e muito mimo para os lindos rapazes que dão tanta ALEGRIA à Avó!

 
Em 07 abril, 2006 21:06, Anonymous Anónimo disse...

Força! Não sei quem és (essa do "My complete profile" é a gozar...), gostei do que li. Tenho um garrafão quase meio de tampinhas e o Nélson Mandela é o meu herói!

 
Em 09 abril, 2006 22:34, Anonymous Anónimo disse...

Ora aé está uma boa razão para entrar neste blog:partilhar ideias, pensamentos, comunicar.Ter a noção quando o Mundo pesa em cima da nossa cabeça de que desabafando a trovoada passa e se pode vislumbrar um arco-íris no céu.

 

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